HISTÓRIA - A ORIGEM NEGRA


A ORIGEM NEGRA DA FILOSOFIA E DO GENERO REGGAE

Para contar a participação negra na Origem da Historia de um gênero tão complexo e apreciado mundialmente como o Reggae, é preciso ter senso religioso e voltar no tempo, para o antigo mundo, precisamente na antiga mesopotâmia. Você deve se perguntar: você disse Mesopotâmia? - Isto mesmo, a origem de tudo é lá!

NO MUNDO ANTIGO

Existia uma grande cidade conhecida como Babylon, ou para nós, a famosa Babilônia. Uma cidade que foi palco de grandes batalhas, e foi praticamente povoada somente por escravos, que se refugiavam de varias outras guerras por liberdade da antiga pérsia, esta cidade que foi considerada a maior concentração de escravos humanidade! Certamente não era um bom lugar de se viver (daí vem o motivo do desprezo à cidade, introduzida nas letras rastafáris).

Apesar dos tormentos a cidade teve seus momentos de prosperidade com a sucessão de vários governantes, um desses governantes foi o prestigioso e sábio Rei Salomão, Aliás, foi govern
ante de quase toda Israel! O filho de Davi trouxe vários anos de progresso e prosperidade à região, mas a Babilônia foi invadida novamente e toda cidade foi queimada (Daí origina-se um termo muito usado em canções: “Babilônia em chamas”). Com a destruição da cidade, os habitantes que buscavam a tão sonhada volta aos seus povos, formaram grupos de retirada, alguns conhecidos como: “As 12 tribos de Israel” que apesar desta suposta irmandade, as tribos não teriam sido sempre aliadas, o que ficaria manifesto na cisão do reino após a morte do rei Salomão. Uma dessas tribos voltou a sua terra natal, a África, mais precisamente para Etiópia, Local de origem da crença RasTafari, que prega o naturalismo físico e mental. Crença que foi consagrada com a chegada de um descendente direto de Salomão, fruto de um relacionamento expresso com a princesa Sabá da Etiópia. Acreditasse que o anel condecorado a Bob Marley tenha pertencido ao próprio rei Salomão.

NO SURGIMENTO DO NOVO MUNDO

Por volta do ano 1500 D.C. Espanhóis começaram a raptar parte da população da áfrica e distribuir pelo mundo para trabalho escravo, e milhares de Etiópianos foram parar em uma pequena ilha da América central, A Jamaica! Que é 3º maior ilha do Caribe. Porém, após a saída dos espanhóis as populações de escravos permaneceram. Mais tarde, os britânicos estabeleceram uma colônia na ilha, trazendo ainda mais escravos Africanos com eles.

Com isso a Jamaica se tornou um grande comércio de escravos, e foi também fortemente envolvida na produção de cana. As concentrações de negros se estabeleciam em pequenos acampamentos pela ilha. Eles construíram cidades e aldeias estabelecendo uma cultura única para a ilha, influenciada não apenas por sua própria história como escravos, mas também pelas raízes de diversidade étnica e cultural de seus antepassados Africanos.

NO NOVO MUNDO

Quando o Império Britânico em 1832 aboliu a escravidão, os ex-escravos jamaicanos se juntaram a seu povo livre. A contínua entrada de novos escravos da África e outras partes do mundo, durante o período colonial tiveram uma influência significativa sobre as tradições, cultura, arte, linguagem e música da Jamaica também. A influência africana na música jamaicana é aparente. Até porque a maioria das músicas jamaicanas é em uma língua crioula ou forma de Inglês pouco conhecida como “patois”, que contém elementos de ambas as várias línguas, Africano e Inglês.

Em 1887 nasce o primeiro Herói jamaicano: O religioso Marcus Mosiah Garvey, que representa o nascimento da filosofia que levou os negros a perceberem a necessidade da união dos povos africanos, e a necessidade de se organizarem e criarem regras em nome da classe trabalhista para o progresso do País e retorno a áfrica. Durante sua carreira, Garvey viajou extensivamente a vários países lutando e pregando pelas condições de vida e trabalho dos negros. Apesar de grande parte das suas atividades políticas e culturais terem sido mal sucedidas, hoje Marcus Garvey é reverenciado como um dos pais do orgulho negro.

Enquanto isso, na Etiópia, em 1892 nasce o príncipe Tafari Makonnen, depois de uma longa caminhada ao trono, em 1930 é coroado e glorificado como “Reis dos Reis!” e seu nome passa a ser HAILÊ SELASSIÊ I. - Um Grande líder da seita Rastafári tem a visão de que este imperador é o Messias profetizado por Marcus Garvey, que viria libertar a África; futuramente seus seguidores o endeusarão e se chamariam pelo seu nome: Os Rastafáris! – Que foi reconhecido mundialmente como o primeiro governante africano moderno e progressista, que dizia que a África poderia se auto-governar. Em 1936 a revista americana Time o havia escolhido como o "Homem do Ano".

Em 1966, Jamaica recebe a visita ilustre do Imperador da Etiópia, HAILÊ SELASSIÊ I, o movimento Rastafári teve máxima adesão pelo povo jamaicano – até o momento a maioria era católica - Que interpretou a visita como um reabastecimento de força e resistência para a tão assegurada felicidade e liberdade, fazendo que voltassem a olhar para as suas raízes e origem, a mãe áfrica, assim resgatando aspectos da velha crença Rastafári. A revolução mística do povo consegue recuperar a fé e a esperança denegridas devido as dificuldades de progresso do pais e por conta da exploração que tanto sofreu o povo jamaicano. Tal fermentação de ideias e filosofia que serviu de base intelectual para as letras e melodias do Reggae, no qual vamos falar especificamente noutra hora.

A IDENTIDADE MUSICAL JAMAICANA

Até agora não falamos de musica literalmente. Analisando sem presenciar os aspectos do surgimento e das transformações da musica jamaicana, pode-se afirmar que junto com a nova população da ilha colonizada se tocava uma mistura de vários estilos e gêneros musicais jamaicanos, como: Mento, Ska, Calypso e Batidas Africanas, e ainda haviam influencia dos ritmos internacionais: R&B, Rock, Blues, Jazz e Soul . Mistura que
rendeu várias canções capazes de trazer resultados reais, quando se fala de condição humana. Na verdade esta grande mistura foi o segredo do Real surgimento da cultura africana que deu origens as todas as musicas originadas na Jamaica da década de 60 em diante! Formando um universo agradável e diversificado para todos os gostos, tal universo que para ser compreendido precisamos ser mais técnicos, mostrando cada peça deste enorme quebra-cabeça que formam este ritmo tão rico em conteúdo.

O Reggae é constantemente associado ao movimento religioso Rastafári, que, de fato, influenciou muitos dos músicos apologistas do estilo. De qualquer maneira, o Reggae trata de vários assuntos, não se restringindo à cultura rastafariana, Mas sempre predominam as letras que relacionadas ao Amor, Descriminação e Desigualdade social, Racial e Moral, até mesmo sexo. Sendo Rasta ou não, Uma das características que podem caracterizar definidamente a musica jamaicana é a crítica social. Para se ter uma ideia, usava-se a musica até para denunciar um carregamento envenenado.
Transformar tão bela manifestação em um dogma cultural é negar a sua essência e enfraquecer o seu impacto nas gerações vindouras. Deixando de valorizar a musica como um instrumento de transformação social à todas as classes.

Este pequeno texto é uma amostra do conteúdo que foi proposto na programação da semana da consciência negra em Novembro de 2012, uma iniciativa: APCR – Associação Paraense da Cultura Reggae.

Pesquisa e texto: Neto Cardoso.